Escleroterapia
O que são telangiectasias?
Popularmente conhecidas como vasinhos, as telangiectasias são pequenos vasos dilatados e tortuosos, localizadas na pele, de coloração azulada ou avermelhada, que incomodam do ponto de vista estético. São muito freqüentes nas mulheres. Excepcionalmente apresentam sintomas, embora possam acarretar desconforto nas pernas em alguns casos.
O surgimento destes pequenos vasos está relacionado com fatores hereditários e hormonais. Não constituem varizes propriamente ditas e nem se transformam em varizes verdadeiras mesmo com o decorrer do tempo.
Apesar de apresentarem pequenas dimensões, em função da localização superficial no tornozelo ou no pé, podem sofrer pequenos traumatismos e apresentar sangramento, sendo esta sua principal complicação. O tratamento destas veias indesejáveis, consideradas pelos leigos como varizes, microvarizes, varicoses ou simplesmente “vasinhos” consiste, em sua grande maioria, na realização da escleroterapia.
As varizes propriamente ditas são de tamanho maior, localizam-se no subcutâneo e não na pele, e são tratadas por meio de cirurgia. Em situações muito especiais podem ser tratadas por escleroterapia com aplicação de medicamentos diferentes daqueles empregados no tratamento das telangiectasias.
Pré-procedimento:
O que é escleroterapia?
A escleroterapia, conhecida popularmente como “tratamento de secar as varizes”, é o método mais utilizado para determinar o desaparecimento destes vasinhos.
Consiste na injeção de um medicamento, geralmente glicose hipertônica, no interior destas veias, promovendo a formação de um trombo (coágulo de sangue) que, ao ser reabsorvido pelo organismo, faz desaparecer a própria telangiectasia ou vasinho.
Este processo leva alguns dias para se estabelecer e determina o desaparecimento da grande maioria das veias, proporcionando um resultado estético muito apreciado pelos pacientes. No entanto, mesmo sendo bem executado, algumas veias podem apenas reduzir significativamente seu tamanho, não havendo desaparecendo por completo.
Há algum preparo para o procedimento?
A escleroterapia consiste em um tratamento simples, embora possa apresentar problemas quando realizada por médico não especialista. É um tratamento ambulatorial, que não requer nenhum tipo de preparo especial, sendo realizado sem anestesia, dispensando repouso, jejum e exames laboratoriais. Além disso, dieta e medicamentos que estejam sendo tomados pelos pacientes não precisam sofrer qualquer tipo de alteração, mesmo no dia da aplicação.
Antes do procedimento é indipensável a avaliação do cirurgião vascular, a fim de definir qual o melhor método terapêutico.
Quais são as contraindicações ao procedimento?
Considerando que a escleroterapia tem como principal objetivo a melhora estética, não deve ser realizada em pacientes com varizes de maior tamanho. Além disso está contraindicada em gestantes e em pessoas que tenham doenças graves, especialmente se estiverem sem tratamento adequado. O uso de anticoagulantes orais dificultam a formação de coágulos e, portanto, constituem outra contraindicação ao tratamento escleroterápico.
Após o procedimento, os vasos podem voltar a aparecer? E as varizes?
Considerando que as telangiectasias dependem de fatores hereditários e hormonais, onde os hormônios femininos desempenham um importante papel no seu desenvolvimento, o tratamento através da escleroterapia não interfere nestes mecanismos. Portanto, embora com tratamento bem sucedido, outras telangiectasias podem surgir com o decorrer do tempo, às vezes nos mesmos locais onde foram tratadas. As varizes propriamente ditas não sofrem nenhuma influência com o tratamento destinado às telangiectasias.
Quanto tempo leva o procedimento?
Em geral cada sessão de escleroterapia dura entre 15 a 20 minutos.
É feito algum tipo de anestesia?
O procedimento pode ser desconfortável para algumas pessoas, relacionado com a picada da agulha, que é extremamente fina, ou com a própria infusão do medicamento no interior da veia. Em geral, estas queixas são suportáveis e duram um curto período de tempo.
Nos pacientes que apresentam desconforto aumentado é recomendável a aplicação de algum tipo de pomada anestésica de ação local, de acordo com a experiência de cada médico.
Como será feito o procedimento?
O procedimento é realizado com o paciente deitado e em ambiente confortável, especialmente em relação à temperatura ambiente, utilizando-se material esterilizado e descartável.
A veia é puncionada com agulha fina e a infusão deve ser lenta. Várias punções são realizadas envolvendo, geralmente, uma região do corpo de cada vez. O número de punções varia de acordo com a quantidade de veias a serem tratadas. Em geral cada sessão é definida em relação ao volume de medicamento aplicado, sendo difícil fazer previsão do número de sessões necessárias uma vez que estas dependem da resposta de cada paciente ao tratamento.
Pós-procedimento:
É normal sentir dor?
Existem pacientes que referem algum desconforto e outros que consideram um procedimento doloroso. Geralmente ocorre uma ardência ou queimação no local por um curto período. Raramente o tratamento precisa ser interrompido em função da dor, dispensando o uso de analgésicos via oral. É normal sentir coceira e ter pequenas elevações na pele (como picada de insetos), que não se deve coçar para não arranhar.
Muitas vezes a sensação de desconforto é amenizada pela aplicação local de pomada, creme ou gel, prescritos pelo médico quando necessário.
É normal ter hematomas?
Alguns pacientes, especialmente aqueles que têm pele clara, podem apresentar equimoses, que são pequenos sangramentos próximos às punções, de coloração roxa, e que raramente chegam a constituir hematomas, que são coleções maiores de sangue. Nessas ocasiões recomenda-se o emprego de gel heparinoide, cuja função, além de amenizar a dor que pode ocorrer, é reduzir o tempo de existência das manchas.
Quais os cuidados que devo tomar?
De um modo geral, pacientes submetidos à escleroterapia devem ter a região tratada mantida sob compressão elástica por um período variável. Dependendo da extensão da área tratada e da rotina do médico, pode-se utilizar compressão por meio de atadura elástica ou pelo uso de meia elástica.
A exposição solar não costuma ser problema para a escleroterapia, especialmente quando se utiliza glicose como medicamento. Mesmo assim, a exposição solar deve ser evitada nos casos onde tenha havido grandes áreas de equimose (manchas roxas na pele) ou em pacientes que costumam ter manchas cutâneas de natureza desconhecida quando se expõem ao sol.
Posso fazer exercícios?
Qualquer tipo de exercício ou esporte pode ser praticado no dia seguinte ao tratamento escleroterápico, sem nenhuma restrição.
Em quanto tempo estarei recuperado?
A partir da manhã seguinte ao tratamento o paciente pode reassumir suas atividades com total normalidade.
Quando devo retornar ao consultório?
O tempo entre uma e outra sessão de escleroterapia varia a critério de cada médico, embora a maioria entenda que as sessões devam ser semanais.
» Autor:
Dr. AIRTON DELDUQUE FRANKINI – CRM-RS 7.727
Professor Adjunto da Disciplina de Cirurgia Vascular, da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; Cirurgião Vascular do Complexo Hospitalar Santa Casa e do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre.
» Referências:
– Merlo, I, Brito, CJ, Silva, RM et al. Escleroterapia de Varizes e Substâncias Esclerosantes. In: Brito CJ et al (ed). Cirurgia Vascular. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter; 2008, p. 1565-1583.
– Myiake, H. Pequenas varizes e telangiectasias. In: Maffei FHA et al (ed). Doenças Vasculares Periféricas. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2008, p. 1769-1795.
– Komlós, PP et al. Escleroterapia química de telangiectasias e microvarizes. In: Merlo I et al (ed). Varizes e Telangiectasias: Diagnóstico e Tratamento. Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter; 2006, p. 173-177.